A Cultura de Pernambuco perde Dona Selma do Coco
Dona Selma durante apresentação dia 19 de julho no 24º festival de inverno de Garanhuns
Dona Selma do Coco deixa os
pernambucanos e a Cultura de luto! Sua contribuição para a consolidação
do coco como referência da nossa identidade será motivo de eternos
agradecimentos e homenagens. A batida da sua música, assim como sua
risada, ecoarão para sempre na nossa memória, seus conterrâneos. Eleita
Rainha do Coco, Selma foi a grande estrela numa constelação de outros
brilhos. Afinal, a cidade de Olinda é um celeiro de muitos expoentes do
coco de roda. Mas foi a voz, o estilo e a personalidade artística de
Selma que o povo adotou e amou, batendo palmas e pés ao seu comando,
pontuando as frases com seu indefectível “ra-rai”.
Do quintal de sua casa, no Bairro de
Guadalupe, para os grandes palcos Brasil afora, Dona Selma do Coco
ampliou as formas de executar o coco. Deu visibilidade e abriu portas
para tantos outros artistas do gênero, incluindo suas netas, com quem já
dividia o palco, e que agora deverão levar adiante o legado da avó
Rainha do Coco. Uma presença inesquecível na arte e na cultura
pernambucana.
Agraciada em 2008 com o título de
Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, um reconhecimento pelo trabalho
desempenhado no âmbito da cultura pernambucana, Selma Ferreira da
Silva, pernambucana de Vitória do Santo Antão, nasceu em 1929. Teve seu
primeiro contato com o coco de roda nos primeiros 10 anos de vida, a
partir das festas juninas e das festas populares da região em que
morava. Depois mudou-se para cidade de Recife, onde casou-se e teve 14
filhos. Selma ficou viúva precocemente (aos trinta anos), e mudou-se
novamente, desta vez para Olinda. Começou a trabalhar vendendo tapioca,
e, nos seus horários de folga, promovia rodas de coco em seu quintal;
estes encontros ganharam fama e possibilitaram desdobramentos variados
na sua vida artística.
Sua participação, em 1996, no Festival
Abril pro Rock, foi definitivo para um salto do seu trabalho artístico e
lhe permitiu um avanço bastante significativo em termos de
reconhecimento, devido à sua performance na música “A rolinha”. Nacional
e internacionalmente, sua produção ficaria conhecida a partir de então.
Minha História, seu primeiro CD, foi lançado em 1998, pela produtora
Paradox, e muitos outros viriam depois dele. No 32º New Orleans Jazz
& Heritage Festival, ocorrido nos Estados Unidos, ela se tornaria a
principal atração brasileira.
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